sexta-feira, 24 de outubro de 2008

58


Penso no momento em que te vi pela primeira vez e naquele aperto no coração...
Estava um caco...Nada parecia correr bem e tudo se avizinhava para ficar pior ainda.
Nos meses que se passaram depois passaste a ser elemento fundamental na minha vida.

Desde pequena sempre fui demasiado ligada às coisas...aos momentos...às pessoas...demasiado presa àquilo que num momento me fez sorrir, sonhar, brilhar...

Oiço a chuva cair lá fora. O cheiro a terra molhada transporta-me para outras paragens, eis encontrada a minha máquina do tempo, a essência que me faz alucinar...
Penso nas pessoas que nos últimos tempos me têm dado motivo para voltar a sorrir.
Penso na jóia que recebi de presente e na luz que trouxe com ela para a minha vida.

Graças a ela encontrei um lugar só meu, onde posso extrapolar, gritar, enlouquecer, amar e ser amada, retribuir o carinho que me dão e dar tudo o que tenho dentro de mim e que por ser tão grande me sufoca e me oprime.

A ti eco, dei-te a responsabilidade de me ouvires e acompanhares horas sem fim, num pranto onde não há obrigações, religiões, sanções...apenas emoções...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

57


Pela janela do escritório vejo um velho prédio devoluto.
Nas suas janelas escalavradas, dois pombos dançam, indiferentes ao salitre que os anos depositaram na parede e às feridas que os elementos escavaram na fachada. Perco-me no corrupio das plúmbeas penas e no seu terno arrulhar (que não ouço, mas adivinho) e a minha mente divaga.
No mais feio dos cenários, duas vidas evoluem. Indiferentes à poluição e ao som dos carros, e ao reboliço louco da cidade, duas vidas se entrelaçam e fazem ornitológicas juras. Duas vidas se transformam, sem contexto e sem paisagem, centrando-se apenas no essencial. Tudo feio e sujo em volta, e os pombinhos encontram o mood certo. Entregam-se naturalmente, na sua redoma idílica, artificialmente criada. E inclinam a cabeça em reverencial apreço.
Desvio o olhar, para não os incomodar...

Regresso ao meu lugar pensando que não deve ser de todo mau ser um pombo...

Fragrâncias de tempos passados povoam a minha mente, e num sorriso se esfumam. Olho para o céu e antevejo a lua prateada , a quem irei confiar minhas penas, mais logo, quando o céu se cobrir de negro.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

56


Basta ler os jornais para nos apercebermos de injustiças por todo o lado. Estas injustiças tornam-se particularmente chatas quando noto que me afectam de alguma forma.

É a escalada dos juros que se paga pela casa, é a manipulação descarada dos preços da gasolina, a justiça que condena em pouco tempo um jove desconhecido (não, não fui eu) que fez o download duma música mas se arrasta quando estão envolvidas figuras públicas, enfim, poderia estar aqui o dia todo a enumerar situações mas não me apetece.

Mas ontem foi o balde de água que fez transbordar o copo da minha paciência: uma situação para a qual reclamo a intervenção imediata de todos os órgãos de soberania, tal o escândalo que se desenrola à vista de todos: falo da cartelização do preço das castanhas!

É que, de um dia para o outro, surgiram em Lisboa, de forma coordenada, os carrinhos de castanhas. Todos aqueles por que eu passei ostentavam a mesma folha A4, resguardada por uma mica, com a mensagem “uma dúzia 2 €”. Onde pára a livre concorrência? Nem um único carrinho a fazer descontos caso uma das castanhas saia queimada? Ou a cobrar um extra caso venha com bicho (pelo acréscimo de nutrientes)? E onde está a plaquinha a dizer “este estabelecimento tem livro de reclamações”, caso eu não goste do teor das notícias do jornal que enrola as castanhas?

Que me esvaziem a conta bancária, que me neguem o acesso a uma justiça célere, que me entupam a televisão com programas da tanga, mas não castanhizem a minha vida! Pela liberalização do preço das castanhas, marchar, marchar! Vá, marcha tu também!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

55


Histórias de vida...

6h da manhã, abro um olho,
depois outro, espreguiço-me,
aconchego-me, deixo-me ficar.
Lá fora a noite "morreu",
nasce o dia com a minha preguiça,
saboreio os momentos de silêncio e não pensamento.
Ao meu lado o sussurrar do sono inocente,
sinto-o no silêncio do meu pensamento.
Os sons da vida, chamam-me à razão,
desvanece-se a languidão dos corpos,
quero deixar-me ficar...
ficar e saborear!
Envolvida, nos lençóis do nascer do dia,
do silêncio, do sono inocente,
do querer saborear
o tempo que brinca com os raios de sol que espreitam pelas frestas das janelas
- "é uma injustiça esta vida"...
Oiço ao meu lado,
com um espreguiçar
um aconchegar,
um saborear este momento do silêncio e não pensamento!
...com os meus sobrinhos(as) que amo!


Recebi com muito carinho e aí vai, uma mão cheia dele!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

54


respondo à tua chamada
tenho o tempo a meu favor
e espero que o bom tempo me traga
com tempo estas palavras

cristalinas como água
que juntas constroem pontes
arquitecturas do momento
com tijolos e cimento
pinturas de cores aos montes
desvairadas, loucas em rima
que ao pensador pedem obra prima

às vezes pingam secas
pisadas, espalham-se pelo chão
perdidas em espaços de solidão
grãos de silêncio na corrente
vão, secretas e minúsculas
engalfinhadas umas nas outras
partem soltas na torrente

outras vêm do vento em pensamento
tufões delas do sentimento
desarrumadas em fila
mas as vadias
não me obedecem
e a todos se oferecem
cada um(a) que as leia, como prefira.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

53

Deste-me tempo...Agradeço-te!
vou tentar não o desperdiçar pois é valioso hoje em dia
e o vosso, de quem me lê aqui, também os será com toda a certeza

Há um tempo de reflexões para dar mais um passo
Uma vez disseram-me que a linha da vida não é recta, ou sobe ou desce
na inércia não fica, nem mesmo quando hesitamos

Necessito de tempo mas falta-me tempo para o necessitar
por vezes não o gasto como devia, ou melhor gasto-o não o aproveito
para subir ou descer não interessa (de preferência subir claro)
e ao ter este tempo para escrever dei-me conta que o devo aproveitar
aproveitar para dar mais um passo, pois na inércia não fico
gosto demasiado da vida para gastar o tempo que ainda tenho
(muito, espero eu)

e uma das coisas que faço ao aproveitar a vida
é ter o prazer de te ler

e por isso te chamo

Dejame vivir - Chambao and Jarabe be Palo