domingo, 8 de junho de 2008

50

Têm-me dito que o Mundo perde a cor à medida que crescemos. Que os vermelhos dos fins de tarde inconscientes e os azuis das manhãs adiadas se esbateriam no cinzento do dever. Que as escolhas da vida adulta envolveriam a nossa criança interior com um manto denso e opaco de fatalismo.

Têm-me dito muita coisa.

Que o Sol não é mais que uma fornalha atómica gigante, que a música não é mais que um jogo de frequências que só o nosso cérebro consegue descodificar, que o apreciar do nosso prato favorito ou, pasme-se, o sentir-se apaixonado, não são mais do que flutuações da nossa bioquímica interior.

Pois se crescer significa aprender eu quero. Mas se crescer acarreta esquecer, então deixem-me ficar com o Sol como mago dos céus, com a música como fantasia, com a bioquímica interior como o festim dos sentidos. Deixem-me evitar racionalizar quando assim o desejar.

Têm-me dito que há um mundo desencantado e triste lá fora.

A essas pessoas mandá-las-ei à fava. E depois apaixonar-me-ei como um adolescente, rir-me-ei na cara delas. E também tu podes fazê-lo. Pega no teu sorriso contagiante, veste-te de bolinhas da cabeça aos pés, canta e dança à chuva. O que quiseres.

E vamos deixá-los bradar ao vento.
Nota: por intervenção (quase) divina, o Aí Vai Ele é desviado para a Vekiki.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

49

Culpada Senhor Juíz.

Depois de uma pausa mmuuuiiittttooooo prolongada, aí vai ele!

Peço desculpa por ter mais uma vez deixado para amanhã o que poderia ter feito hoje. Mas de alguma forma parece que aquilo que é realmente importante acabo sempre por conseguir adiar, enquanto que as pequenices do dia-a-dia, essas não, têm de ficar feitas JÁ! Eu sou assim...

Lavar a roupa (que nem é muita), reciclar papel (que pode ser reciclado para a semana), apagar aqueles e-mails spam que conspurcam a minha caixa de entrada... tudo isso é para AGORA.

Mas escrever finalmente aquele relatório que não tem deadline, responder a um e-mail de um amigo que há muito não vejo, falar com a minha mãe e dizer-lhe que tenho saudades... tudo isso é ADIÁVEL. Até que chegue o dia em que é tarde demais.. e aí?! Não penso que seja má pessoa por isso, creio até que este comportamento é perfeitamente humano. Mas ainda assim fico triste por perceber o quão me faltam as forças para fazer tanta coisa importante HOJE, porque AMANHÃ pode mesmo já ser tarde demais.

Por isso envio este blog para alguém que conseguirá perceber o que digo, e que esperançosamente não irá adiar. Assim como eu, ele consegue ver o Sol por detrás das Rainclouds.